Há uns tempos decidi voltar a sair com pessoas novas. Ah, e tal, é verão, estou mais ou menos de férias, tenho mais tempo, vamos lá aumentar o grau de tolerância e dar hipóteses à vida para me surpreender.
Não me posso queixar. Nas últimas semanas conheci pessoas interessantes, estimulantes, refrescantes. O mundo à minha volta está um bocadinho mais vivo do que da última vez que verifiquei.
Mas ser poly e querer conhecer pessoas novas implica muitas vezes abdicar da espontaneidade que procuro, e sair de casa com muita atenção onde ponho os pés.
Não pretendo de todo ocultar essa parte de mim. Mas assim que se introduz o tema "sou poly, tenho dois namorados", acontece pelo menos uma de quatro coisas:
- Não se fala de absolutamente mais nada durante o encontro todo.
- Levo com uma bateria de perguntas que, entre serem cândidas e ofensivas não demora mais de 5 minutos (coisa que me levou a adotar a regra "tens direito a 5 perguntas sobre este tema").
- A maior parte das vezes ainda ganho de bónus todo um receituário do que devia fazer para ser mesmo feliz.
- A outra pessoa afasta-se ou nunca mais oiço falar dela.
Bem vistas as coisas, a última hipótese é muitas vezes o melhor que me pode acontecer. Mas fica sempre um certo travo de "damaged goods", ou discriminação, ou lá o que se quiser chamar.
Quando vou conhecer pessoas não tenho nenhum tipo de relação em mente. Não posso propriamente dizer que tenha demasiados amigos, por isso acho possível encaixar mais um.
Mas por razões que não compreendo bem, a maior parte das pessoas prefere saber à partida com o que pode contar (como se isso fosse possível). E neste caso, mesmo que não estejam interessadas em mim, mais vale nem se darem comigo, não vá um dia quererem mais alguma coisa (saltando diretamente para o patamar da exclusividade), e não a poderem ter. É assim uma espécie de investimento em futuros na Bolsa da Felicidade.
Mas por razões que não compreendo bem, a maior parte das pessoas prefere saber à partida com o que pode contar (como se isso fosse possível). E neste caso, mesmo que não estejam interessadas em mim, mais vale nem se darem comigo, não vá um dia quererem mais alguma coisa (saltando diretamente para o patamar da exclusividade), e não a poderem ter. É assim uma espécie de investimento em futuros na Bolsa da Felicidade.